terça-feira, 13 de abril de 2010

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Não param de explodir as declarações incríveis sobre os escândalos de pedofilia na igreja católica. Nos últimos tempos ouvimos e lemos de tudo, desde a tese da urdidura contra a igreja, ao mal menor que é este problema face à obra e ao papel desta instituição na sociedade, passando por aquela teoria incrível que defende que pedofilia e homossexualidade andam juntas e, este sim, é o mal maior da humanidade.
Enquanto isso o verdadeiro problema, este crime execrável que é o abudo de crianças indefesas parece não pesar suficientemente para que a sociedade se debruce sobre ele. Será porque faz parte de uma tradição qualquer que nos habituamos a tolerar? Porque o abuso dos mais fracos se perpetuou ao longo da nossa história e, de alguma maneira, se inscreveu no nosso código genético?
Não sei em que raio de estádio de desenvolvimento se encontra a humanidade, pelos vistos é mais baixo do que seria expectável mas não deixa de ser lamentável esta triste constatação.
"À saída de um desses entrepostos de abundância, onde as famílias abastecem as despensas de tudo o que precisam e o que não precisam uma miúda - que não teria mais do que 17 ou 18 anos, pedia. Tinha um bebé deitado num carrinho que chorava, ao seu lado. Não sei se do frio, se com fome ou se, simplesmente, para comunicar como fazem os bebés assim tão pequeninos.
Não vi logo uma outra ainda pequenita, mas já suficientemente desenvolta para se dirigir às pessoas e pedir uma moeda. Ao nosso lado um casal jovem comentava, com ar zangado, que aquele esquema de usar o bebé era escusado. Onde é que já se viu trazer uma criança para estas coisas? Não vi ninguém estender a mão enquanto arrumamos as nossas coisas. De repente o pacote de batatas fritas que o miúdo trazia na mão, satisfeito da vida, pareceu-me uma enormidade. E durante muito tempo, a imagem daquelas três agarrou-se-me ao pensamento e sugou-me todo o prazer de um dia de férias e de ócio que era só o início."

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