terça-feira, 9 de março de 2010

histórias de mulheres

É mais nova do que eu. O corpo desenha-se-lhe em gorduras e na postura incorrecta forjada nos trabalhos pesados que sempre fez.
Não tem dentes. O olhar baixo e envergonhado, a voz quase, quase inaudível, as mãos rudes arengam qualquer coisa difícil de descodificar.
Quando era ainda mais nova saiu da sua terra para casar, com o primeiro que lhe bateu as pestanas, emprenhou, pariu dois filhos e veio acantonar-se numa outra terra, distante e estranha, na casa dos sogros onde é sempre a última a falar. Quando a conheci deparou-se-nos uma coisita para resolver: ela não tinha conta em seu nome, todo o dinheiro da família estava no banco em nome do marido e da sogra, os únicos com poder para usar dinheiro e movimentar contas.
Alguns dias depois sempre conseguiu ter uma conta em seu nome, como segunda titular é certo, para receber por ali uma certa quantia relativa a uma bolsa de formação que ganha cumprindo religiosamente um horário. Não é ela que gere aquele dinheiro. Não é ela que decide. Ainda que seja em seu nome que aquela quantia fica disponível.





De modo que o tão falado dia 8 passou-me ao lado. Durante o dia chegaram uma série de mensagens que fui apagando quase sem ler. Recebi flores em dois ou três sítios. Não as deitei fora que eu gosto de flores e a razão porque mas dão é coisa que não me tira o sono.

2 comentários:

Nádia disse...

Concordo contigo acerca das flores do dia 8...

No resto... é pena, mas há tantas e tantas assim... infelizmente e nesse mundo vemos casos e casos...

beijokas

S disse...

conta lá as novidades vá, não faças caixinha!
bj