terça-feira, 20 de outubro de 2009

E o que diremos às nossas filhas?

Agora que tenho muitas amigas com filhos, vejo uma geração inteira de mulheres defraudadas. Mulheres a quem todos prometeram igualdade. Que têm ao lado companheiros que as desiludiram, porque alguns até fazem muito, mas quase nenhum faz metade. Que vivem numa sociedade que aplaude a maternidade abstracta, mas lida muito mal com os custos e as chatices da concreta. Que recrimina as mães-trabalhadoras-cansadas que não rendem o mesmo, que faltam, chegam atrasadas e saem a correr. E vejo mulheres cheias de culpa, porque parece que tudo isto é responsabilidade delas. Que os pais e maridos não assumem a sua parte porque elas deixam, porque gostam, porque são controladoras e perfeccionistas e só está bem feito quando é feito por elas. Porque não exigem, não reivindicam, não se zangam ou fazem chantagem. Que não se impõem no trabalho, não exercem os seus direitos. Que escolhem ficar em casa. Ou que não escolhem ficar em casa.

Mais uma vez e desta vez pela mão da Mar, o outro lado da maternidade.









adenda:
vejamos então: eu hoje tinha uma reunião às 18 com o compromisso de chegar um bocadinho antes para enquadrar uma colega. não cumpri apesar de ter carregado no acelarador. antes cozinhei um jantar apressado e, entre a cozinha e o quatro, dei por mim a enfiar a base no frigorífico e a fazer outros disparates do género. ainda se fosse verão...
depois corri a fazer uma data de km e lá cheguei mesmo em cima da hora. fica mal a uma pessoa que vai coordenar a reunião chegar mais tarde do que os outros, não é? só houve uma pessoa que chegou depois de mim - e essa pessoa é uma colega que tem um bébé pequeno e que o carregou ao colo durante todo o tempo. de certeza que nenhum dos nossos homens carrega bébés para as reuniões!, por muito porreiros que sejam!
áh pois, os primeiros a chegar foram os homens do grupo.
e assim é claro que, ou somos menos produtivas ou trabalhamos o dobro para produzir o mesmo.
queixinhas?! venham lá então chamar-me queixinhas que eu faço aqui as contas sobre quantas horas trabalho por dia!

1 comentário:

MP disse...

Olá!
Apesar de não me rever, reconheço a realidade. Mas acredito que as coisas se constroem, não são dados adquiridos, não são sinas, não são inevitabilidades.

bjs