demorava-me no pequeno almoço tardio, depois de os homens terem saído para os seus destinos: o mais pequeno para a escola e o maior para o trabalho quando ela chegou. à sexta feira mete a chave na porta e entra com a mesma missão dos últimos anos.
desta vez vinha entristecida, vencida na falta de energia e do sorriso facil. "veja lá, sempre é diabetes. a minha irmã já teve, os meus sobrinhos também e agora eu. não bastava o resto, os problemas todos que temos em casa. olhe que até chorei quando a médica confimou - ainda concluiu, como quem pede desculpa pela fraqueza.
acho que nem atinei com as palavras certas. que palavras podem soar certas a uma mulher que tem um filho adulto, altamente qualificado e preso nas malhas de uma esquizofrenia?, que passou 20 anos da sua vida a tratar de um familiar acamado e a trabalhar duramente durante todo o dia?, que enfrenta diariamente os problemas de saude do próprio companheiro?
disse-lhe que a tábua de passar a ferro estava impraticável e que cá nos arranjaríamos durante o fim de semana. que fosse para casa tentar descansar alguma coisa que bem o merece.
e logo ali tomei a decisão de pôr o rabinho a mexer e deixar-me de lamúrias que não tenho razões para isso.
3 comentários:
Há sempre uma pior do que as outras... cair e levantar, cair e levantar, resistir, resistir sempre. É nestas alturas que nos sentimos mais pequeninos...
É nestas alturas que vemos que os nossos problemas, que nos parecem tão grandes, são minúsculos e nos sentimos ridículos perante isso... Já cá não passava à um tempo, espero que esteja tudo bem... beijokas
Com tantos problemas e mesmo assim consegue transmitir sempre boa disposição.
Força e sobretudo, muita coragem :)
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