domingo, 7 de setembro de 2008

caricaturando

Ora que o tempo novo não é só um babyblog, há muito que se tinha percebido, aproveito então para contar.
Sexta feira passada, a meio da tarde dou com uma operação stop, à saída de uma ponte, em pleno Baixo Alentejo. Viatura e agentes vários para todos os gostos mandavam parar os carros (poucos como manda a lei demográfica na região menos povoada do país).A mim coube-me a sorte de ser mandada parar, mostrar os documentos, o triângulo (srª dona Sofia agora mostre-me o triângulo de sinalização e o colecte reflector), naquela linguagem desajustada que ninguém percebe e nos deixa logo com aquele sentimento dúbio de que estamos em falta mas não sabemos bem porquê. Eu vivo convencida que a autoridade não existe para nos intimidar mas quando passo por episódios destes parece que as minhas convições se esboroam...
Tudo visto e confirmado, tudo em ordem portanto, eis que o iluminado se vira para mim " -Este endereço que tem aqui na carta de condução...Não é o endereço actual?!
e eu incauta, burra, "- Não, não é...", porque diabos não tive a presença de espírito para armar o sorrisinho infantil número 3 e dito com a maior das naturalidades "ai não sr. guarda não é mas só me mudei há dois dias!!!", era mesmo isto que ele estava a pedir.
Fui multada por "não ter comunicado à autoridade competente, no prazo de 30 dias, que tinha mudado de endereço" assim reza o auto que fui convidada a assinar, depois de também ter sido "convidada" a pagar 60 euros senão "sou obrigado a apreender-lhe os documentos".
Isto não é uma operação de prevenção com fins pedagógicos, ou com o objectivo de mostrar às populações que a polícia está presente. Isto é uma operação de caça à multa. Simples.
E em mim permanece o sentimento de desconfiança em relação à polícia e restantes forças de segurança deste país. Simples. E triste.

2 comentários:

Anónimo disse...

É triste e grave! Quando cresce no país o sentimento de insegurança e a desconfiança em relação à real capacidade das forças policiais (de investigação, judiciais, etc.)atitudes como esta só ajudam a desconfiar ainda mais se a principal preocupação das forças policiais é a de assegurar a nossa segurança ou a de mostrarem que actuam (e autuam) muito...
Em vez da prevenção contra os acidentes temos autuações deste género, do estacionamento em contra-mão e por aí fora...
Também já me calharam dessas...

Anónimo disse...

Já vi isto acontecer,exactamente assim, ao Carlos. A recorrência chama a atenção para o que é a promoção da segurança e o combate à criminalidade. Como noutros aspectos da vida, quando não sabemos, ou não queremos, abordar e tratar os assuntos mais sérios, aplicamos rigor e intransigencia aos casos sem importãncia... e ficamos com a sensação de dever cumprido, de missão realizada... (Parecemos crianças quando tornam um desejo instântaneo na coisa mais importante do mundo, sem capacidade para compreender o que quer que seja à volta).
Já agora, parabéns pelo rumo do tempo novo que nos vai falando de crianças... e do resto que as rodeia. Assim é mais interessante. Dores