sexta-feira, 18 de julho de 2008

cenas do dia-a-dia

Um dia destes, a propósito de uma conversa qualquer, o Zé responde-me que acha que o João tem coisas de mais.
- Coisas demais? Não acho nada disso!(respondi-lhe logo prontinha refutar quaslquer tipo de argumento que rondasse o consumismo)
- Onde é que estão as tuas preocupações com o consumismo e com o ambiente? Puseste-as de lado, é o que é! Ora anda cá! (eu a ver a coisa mal parada enquanto me ia mostrando os cantos da casa (todos!) onde há coisas do João!)- Vês? Qualquer dia deitamos fora as nossas coisas para caberem as dele!
- Deixa-te disso os miudos nunca têm coisas demais(encerrei logo ali o assunto com esta argumentação irrefutável - que qualquer mãe compreenderá muito bem.)

O idiota do pediatra que andou a dizer que os miudos eram muito mais felizes quando brincavam só com pedras e paus devia ser fuzilado no campo pequeno. Eu nunca comprei nada, nadinha, ao João por me sentir culpada ou para o compensar por alguma coisa. Isso sim parece-me profundamente errado. Mas não tenho qualquer problema em encher-lhe a casa de brinquedos ou de outras coisas que ele goste. É claro que ele prefere muitas vezes as nossas panelas, a vassoura ou a esfregona e tantas outras coisas que, à partida, não são para brincar. Mas também gosta muito dos livros, da música, dos bonecos, carros e carrinhos, etc, etc. E é bom perceber que ele faz as suas escolhas e, sobretudo, que pode escolher.Porque é só disso que se trata: dar-lhes a possibilidade e a liberdade de escolher. Desde já!
Nenhum brinquedo substitui o mimo, o tempo que passamos juntos enquanto cozinho as refeições, o tempo em que deixo de fazer coisas para me sentar no chão com ele, o colinho que ele me pede no meio da brincadeira, levantando os braços, trepando pelo meu corpo acima para, logo em seguida, se deixar escorregar outra vez até ao chão. Não há televisão, filme ou bonecada que ele prefira a dez minutos que seja, connosco. E no entanto, no entanto, percorrer a casa e encontrar as coisas dele enche-me o coração.

1 comentário:

Anónimo disse...

Alguns dos brinquedos são mais -para os pais do que para ele...