segunda-feira, 5 de novembro de 2007

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Deixo de ver as letras no ecrã e o teclado cala-se. Ando pela casa e em todas as divisões há uma marca do João. Num canto os brinquedos que se amontoam desordenados. Num outro a roupa que ele tirou do cesto enquanto eu tentava passar a ferro e mantê-lo por perto. Na cozinha o pinguim, companheiro de refeições do nosso piolho, estava caído junto da cadeira dele. Tampas e tampinhas, babetes, colheres, uma panóplia de pequenos objectos. Vou ao quarto e em cima da nossa cómoda estão dois pares de sapatos, um creme da uriage e um casaquinho. Aspiro profundamente o odor que se desprende dele: uma mistura de bébé, de creme e detergente para roupa de bébé. Tão bom. Acho que já gravei este cheiro na minha memória, num ficheiro que se chama "tempo de bébé".
Recordo que a tia Rosa acha um exagero este hábito de ainda lavar a roupa dele à parte. Hei-de voltar a este assunto. Deixo-me embalar. Parece-me um hábito de toda a vida e não consigo deixar de o fazer.
Esta manhã foi-se embora bem disposto como esteve durante todo o fim-de-semana. Será que se lembra de nós, durante o dia?, assim como eu me lembro dele, mesmo quando os prazos para entregar os trabalhos apertam?

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