sexta-feira, 18 de novembro de 2011

ainda a demografia e a verdadeira maldição

no momento em que engravido pela segunda vez e muito depois de ter ultrapassado o marco dos 30 aplico, pela primeira vez, as análises demográficas de que sempre gostei, ao meu próprio caso.
o retrato mais recente da população portuguesa voltou a confirmar que a verdadeira tragédia não é o envelhecimento mas a diminuição drástica e continuada do numero médio de filhos por mulher (menos de dois).
a mulher portuguesa tem o primeiro filho muito perto dos 30 (eu já tinha 33) diminuindo assim drasticamente as hipóteses de vir a ter o segundo, num quadro de vida em que trabalha muitas horas por dia (mais do que a média das mulheres europeias), ganha muito menos e vive numa sociedade muito pouco amiga das famílias alargadas! e esta sociedade a que me refiro não é um mito tecido pelas feministas dos anos 90 mas uma realidade que a maioria de nós enfrenta: desigualdade real nas oportunidades de acesso. a nossa sociedade escolheu preterir as mulheres, ter modelos de organização do trabalho incompatíveis com a vida familiar, estagnar no que à partilha de direitos e deveres parentais diz respeito, praticar salários desiguais entre sexos, manter um sistema político e de governação que funciona com a filosofia de taberna onde os homens se juntam fora de horas para beber copos e tomar decisões.
é claro que assim não renovamos gerações!

Sem comentários: