num destes fins de tarde, na fila para a caixa do super mercado e o pequeno dentro do carrinho muito empenhado na sua tarefa de dispor as compras no tapete. uma velhota enrugada e encantada seguia tudo e esperava um sinal qualquer na minha cara. quando lhe sorri disparou: - também o comprou?
depois de nos rirmos muito, as duas, com a brincadeira ela continuou a falar mais para si própria do que para mim "que riqueza de menino, que riqueza" e depois: - quanto vale este menino?
e eu, sem atinar com as palavras mas o sentido bem claro para mim: - não tem preço, não há fortuna que o pague", lamechices (ou nem tanto) que já a minha avó dizia.
não vale a pena discorrer sobre quanto vale este miúdo para mim porque, e sei isto nas entranhas, o bem mais precioso que sempre tive (a minha vida) lhe fica muito, muito atrás.
neste tempo e neste canto do mundo em que vivemos, onde a lógica de mercado e do valor passou a estruturar-nos a vida as crianças ganharam o estatuto de bens raros. as mulheres que outrora pariam em série hoje ficam-se pelos 1,4 (em média); isto é, um filho que não chega para substituir a geração dos progenitores.
porém, o verdadeiro paradoxo é que estes filhos de investimentos enormes (financeiros, sociais, culturais e emocionais) estão muitas vezes condenados a fracassar ou a frustrar as expectativas que alguém lhes depositou.
6 comentários:
Vá, mande lá vir outro, que não há-de defraudar as expectativas! ;-)
pois não, pois não! tem dois não é?, portanto não entra naquela média catastrófica que nos envelhece e nos condena ao calamitoso "inverno demográfico".
e quem me dera mais!!!
mmm, há um remédio para isso?!
remédio há,dinheiro é que não :)
É que apesar de tudo, como a velhota do supermercado dizia, um menino v
ops, falha técina. Como eu dizia,apesar de tudo, como a velhota do supermercado dizia, um menino vale muito, literalmente!
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