a minha paciência para este assunto dos jovens licenciados e desempregados esgotou-se hoje de manhã ao ouvir o Júlio Machado Vaz e a Inês Menezes naquele programita da manhã que já tem barbas. os dois muito condoídos, com a conversa habitual sobre os coitadinhos e infelizes que são os jovens portugueses que não têm emprego digno, que não recebem um salário a condizer com os anos de estudo, que adiam a família, a autonomia enfim...a vida e que assim Portugal se tornou num país triste porque já nem sonha.
eu cá acho que vai sendo tempo de ajustar as expectativas: alguém que diga aos meninos que terminam a licenciatura que isso não os habilita para mais nada que não seja ganhar experiência, trabalhar duramente, continuar a aprender e fazer-se à vida. quem é que no seu perfeito juízo acha que um jovem licenciado está apto para assumir responsabilidade por pessoas, por processos, por produtos, lideranças de equipas, ser técnico superior, por e dispor sem que alguém o/a vigie de muito perto?
ora bem, trabalhar em funções que exigem menos qualificação do que aquela que se tem não é nenhum drama. aliás, devia ser obrigatório!
a formação superior digam-lhes, vá lá, é um investimento a médio, longo prazo porque aumenta as probabilidades de chegar mais alto na carreira mas, no curto prazo não é garantia de nada. nem tem que ser pelo amor de deus!
os meninos que levantem os rabinhos das cadeiras e que vão ser caixas de super mercado, administrativos, taxistas, empregados de limpeza. os meninos que aprendam a lidar com pessoas, a resolver problemas, a viver com pouco e, pode ser, pode ser que um dia sejam técnicos, gestores, quem sabe políticos, criteriosos nas suas decisões, atentos, éticos e extremamente responsáveis.
agora-acabem-lá-com-as-lamurias-que-já-não-há-pachorra!
6 comentários:
Olha Sofia vais-me desculpar, mas isto nem parece comentário teu. Quantos nem nos supermercados e tudo o que citas encontram trabalho? Mesmo querendo? Muitos e muitos? Conheço muita gente nessa situação e garanto que têm o "rabinho levantado da cadeira". Desculpa-me, mais uma vez, mas este post é de quem fala de barriga cheia. Além de que, eu tenho um emprego em que trabalho mais que muitos colegas, mais responsabilidades e não sou considerada sequer funcionária, não tenho direito a baixa nem subsidio de desemprego, mas sou bolseira do estado! Sei viver com pouco, mas se a bolsa acaba e não encontrar outro trabalho no que for, o que faço? Se queres que te diga eu acho muitissimo bem que nos continuemos a lamentar e queixar, pois se nós jovens nos resignarmos ai sim o descalabro é maior ainda!
Beijinho
Eu não acho bem que continuemos a lamentar-nos e a queixar. Lamúrias fazem-nas precisamente os resignados. Acho antes que talvez seja melhor fazer alguma coisa. Os que não se resignam agem! Porque queixarmo-nos de coisas como, por exemplo, os recibos verdes mas não os denunciarmos, não é nada. Se queremos um país melhor, não é com lamúrias que lá vamos. O Tribunal do Trabalho é para todos. Quantas pessoas lá vão reclamar? Poucas, porque na verdade ninguém conhece os seus direitos. Toda a gente acha que tem direito a uma boa remuneração, isso sim, mas depois não sabem que as férias e a licença de maternidade são um direito e não uma prendinha da entidade patronal.
Conheço casos opostos: tenho uma sobrinha que terminou o curso com 19 valores de nota final. Ao fim de 3 meses, não tendo arranjado emprego na área, já estava a labutar no balcão de uma loja de rua, de segunda a sábado. E tem a humildade de dizer que está a aprender muito sobre como lidar com as pessoas, como gerir expectativas e necessidades, como controlar a sua atitude perante os outros, etc, etc. Mas também conheço um empresário que contratou uma jovem designer, com tudo direitinho, tudo legal, e ao fim de 3 meses ela disse que se ia embora porque era demasiado trabalho para ela.
Não devemos generalizar, é certo, mas também convém não entrarmos neste jogo de auto-comiseração, que é destrutivo, cangerígeno e contagioso. O caminho faz-se caminhando. E é assim para todos. Uns têm sorte, é certo. Outros não. Mas isso sempre foi assim. Sociedades completamente justas e brilhantes, só no pensamento dos filósofos e nos sonhos de todos nós. Infelizmente. Mas a natureza humana não permite que seja de outra forma. Então, cada um faça e dê pelo menos, um contributo ACTIVO e REAL, ainda que pequeno.
(peço desculpa pela extensão do comentário... ops!)
Tens (infelizmente) muita razão.
Nós( a geração egoista e aproveitadora) facilitá-mos demasiado a vida das pobres e oprimidas criancinhas. Habituaram-se a ter tudo o que queriam com toda a simplicidade, sem luta. E pronto! Deu nisto!
peço desculpa pelo erro.
Ressalvo: facilitámos- facilitámos-facilitámos- escrevi vinte vezes no quadro.
Ola
Sofia
Como sempre tens toda a razão, o pessoal pensa que por ter uma licenciatura já é tudo e não só querem o bem bom. tu sabes bem do que estou a falar. o que eu penei.
Cris jinhos grandes pra todos
Não pretendo generalizar estes mimos a toda esta geração "à rasca" - que raio de nomeação tão feia, tão definitiva, tão derrotista. O que quero dizer é simplesmente isto: é tempo de fazermos alguma coisa por nós próprios, de deixarmos de esperar que o estado nos resolva sempre o problema, que a sociedade nos deve um emprego para a vida, que os políticos são todos maus, que o FMI precisa de entrar, que já não nos governamos sozinhos. caramba!
Este país que tem tantos seculos de historia não conseguirá produzir uma geração desassombrada, corajosa e lutadora?
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