quarta-feira, 28 de abril de 2010

Pecado capital

Ela regressou e (re)começou a escrever assim:

"Ela repousa quieta e sossegada, com uma expressão gélida e o corpo muito hirto, a pele ofensivamente branca e macia. Espera em silêncio. Espera como de costume, porque é sempre ela quem chega primeiro, quem se deita primeiro, quem se oferece primeiro. Nele, pressente-se o fervor, a ânsia de deslizar sobre ela, de mergulhar no seu corpo, de a manchar irreversivelmente. Então, inclina-se sobre ela devagarinho e toca-lhe. Ela estremece ligeiramente. Os braços dele, morenos e sensuais, estendem-se, multiplicam-se, envolvem-na e ela começa a deixar-se levar. Com denguice, arrasta-se suavemente de um lado para o outro num balanço feminino. Aos poucos, a sua frieza vai-se desvanecendo, cede ao calor com que ele a domina. Está submetida, não tem por onde libertar-se dos braços e das pernas dele. Ele entra-lhe por todos os poros, por todos os sulcos, por todas as fendas, deixa-lhe marcas na pele. É difícil perceber onde um acaba e começa o outro. Por esta altura, já se espalhou um odor na atmosfera, quente e adocicado, aquele odor que fica sempre na fronteira entre o lascivo e o nauseabundo. Há muito que ela abandonou a sua postura hirta, perdeu o controlo de si mesma, já não sabe para onde vai, não importa como se movimenta, desfaz-se mais um pouco da frieza inicial a cada assalto dele. Escorrem-lhe do corpo fluídos que se misturam com os dele. Juntos, atingem a perfeição e deixam-se ficar, já mornos, mudos e serenos, vencidos um pelo outro, desfeitos um no outro.É nesta altura que me descontrolo. A minha respiração acelera, o coração está prestes a saltar-me do peito, a saliva acumula-se-me nos cantos da boca já entreaberta. Não consigo ficar mais tempo apenas a olhar. Quero fazer parte daquilo."

e, para além de nos pregar uma valente partida, a malvada nem permite comentários!!!

são 500 gr s.f.v.











a rapidez com que se passou de um fim de semana de trovoadas para três dias seguidos com temperaturas de verão (30 graus) impressiona. o miúdo sai de t chirt logo de manhã e volta esbaforido ao fim da tarde porque o pai tem medo de ligar o ar condicionado no carro (- que se pode constipar, mimimimi...)

ainda estamos em Abril porra!


está na altura de comprar crocs. (suspiro) são tão giras este ano que acho que não podemos trazer só um par!
as imagens são daqui e não, a marca não me paga publicidade. é pena!
adenda (de hoje 29): as croques já cá estão. e parece que, nos próximos tempos, não vai querer mais nada. à chegada à escola disse ao pai que lhe doíam os pés. teve que ir ao colo. mais valia ter-lhe feito a vontade logo de manhã e deixá-lo calçar as benditas.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

e a propósito

da tela é ver ainda como Sócrates reconquistou alguma simpatia ao meu amigo CJ que acabou por desabafar, num destes dias: afinal socrates parece ter sentido estetico

alentejo esta imensa tela











O universo estendeu a sua mão e, quando estavamos distraídos, pintou uma tela encantadora. O fundo é verde. Há o verde escuro dos sobreiros e das oliveiras mas há também o verde quase florescente das ramagens novas que explode por todo o lado.

E depois há manchas de amarelo e branco, gritos de vermelho sangue em papoilas, o roxo vivo, o azul único da borragem, há muitos tons de rosa e há todas as misturas possíveis. Campos pintalgados de branco libertando o aroma silvestre das estevas e outros pontuados de pequenos arbustos roxos de rosmaninhos igualmente perfumados.

Não há nada melhor. Percorrer as estradas nesta região ao sul é uma surpresa. Há momentos em que é absolutamente imperioso suster a respiração, ouvir o silêncio e então...........abarcar tudo o que podermos com todos os poros que temos no corpo.

(as fotos são do Zé. um dia destes hei-de dedicar-me a captar o máximo de tons e de composições que puder. antes que chegue o verão e o fundo da tela se altere.)

como doi o esforço

A liberdade - e a sua comemoração, também se pode viver a trabalhar arduamente não é? Pois ontem dedicamo-nos aos trabalhos pesados(limpar o quintal), leia-se; exterminar os verdes, a terra acumulada, os negrumes que a humidade instalou. Ficou tudo muito branquinho, muito apetecível. Agora sim, podemos mudar a zona de refeições para lá.

É claro que hoje doem-nos os braços, as pernas, as costas, os pulsos e partes do corpo que já nem sabia que tinha (mau sinal!).





à noite compensamos este grande esforço: piza caseira (amassada na MFP) e recheada ao gosto do freguês. até o pequeno participou a espalhar cogumelos - e a comer os ingredientes que apanhava! e completamos com crumble de pêras. mnham!

tudo muito bom e indicado para quem iniciou uma dieta há uma semana. a propósito está tudo na mesma, pois claro.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

a liberdade


apesar de ser pela liberdade de expressão e criativa também gostaria de ver as paredes da cozinha mais limpinhas (sem riscos, nem tintas e tal e tal. quem diz a parede diz a porta do frigorífico).
e vai daí lembrei-me daquelas folhas de papel de cenário que vêm aos rolos, tão fixes, tão "grandalhonas". para já teve adesão. está lá há dois dias e já está cheia.

a MFP


Acordar com o cheiro do pão quente é sublime - só falta uma máquina de café programável para a coisa se tornar idílica!!!


esta manhã experimentamos este pão com cranberries e sementes de linhaça. é tão bom que até chateia.
a receita:
250ml de sumo natural de laranja, 2 c sopa de manteiga, 1 ovo, 1c sopa de açucar, 1/2 colher de chá de sal, 600gr de farinha tipo 55, 1 c +1/2 de chá de fermento. acrescentar cranberries a gosto e uma ou duas c de sopa de sementes de linhaça. Programa básico.
a receita é daqui

22 de Abril


DIA MUNDIAL DA TERRA!









E o publico apresenta hoje uma bela capa (apesar de eu odiar aquele animaleco).
Dei uma espreitadela aos jornais e revistas mais lidas e não há um único que faça capa com o assunto. Sintomático não?
Ontem matei duas lesmas gordas e viscosas que subiam a parede do quintal. É por causa da biodiversidade, está-se mesmo a ver.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Aqui já não há

Por esta altura andam os eleitos locais embrenhados à procura de um passe de mágica. Gostariam de "achar" uma solução, um projecto-maravilha, uma ideia bombástica que pusesse o seu concelho no mapa, assim de repente. Alguns até estariam dispostos a gastar uns dinheiros se isso atraísse multidões.
Mas...ó desespero, a vida corre inexorável para o despovoamento, as poucas empresas fecham portas, os velhos entristecem ainda mais- se isso é possível, os últimos casais mais jovens abandonam definitivamente a terra. Já não dá. O interior já não dá! E não há panaceia que iluda esta verdade.

O que rareia e aquilo de que precisamos, como de pão para a boca, é de uma ideia, uma visão para os sítios que habitamos. Não é preciso nada grandioso. Não queremos multidões, nem festas, nem obras imponentes. Queremos que pensem senhores, que pensem (caramba!), que planeiem, que ousem, que estudem, que ouçam as pessoas, que lhes conheçam as necessidades mais básicas! Levantem-se connosco de manhã, vejam o que comemos, onde vamos, o que compramos, onde trabalhamos, onde descansamos. Escrutinem os nossos desejos, testem as nossas soluções, tomem nota dos nossos projectos para a terra em que habitamos. E pode ser que dentro de uma década, quem sabe duas, comecemos a ver algum resultado. Pode ser!



Será pedir muito?

a pandilha de sempre

Alberto João Jardim e José Sócrates a fazer um número para o país. Que amiguinhos que eles estão!
As companhias aéreas a preparar-se para pedir aos respectivos governos, é melhor corrigir: aos contribuintes, que paguem a crise despoletada pelo vulcão. Sabe-se lá quem virá a seguir. Porque é que ninguém se lembra de ressarcir os desgraçados que ficaram apeados já agora?

E por falar em companhias hoje ouvi na rádio esta notícia espantosa: "a Galp desceu esta madrugada o preço do gasóleo em meio cêntimo e o da gasolina em 1 cêntimo" Palmas!Aplaudamos de pé esta medida de responsabilidade social desta grande empresa que apresenta milhões de lucro enquanto o país rebenta todo por dentro. Bravo! Bravo!

Há dias que dói viver neste país.

Boa semana!

Segunda-feira é um dia tão bom como outro qualquer para tomar decisões. Pois então que seja. Depois de uma semana de férias a alambazar, um inverno em que se acumularam abusos de toda a ordem vou então inicar uma fase de privação. De jejum. De sacrifício.Enfim de dieta. Ai que depressão!

Que seja uma boa semana!

domingo, 18 de abril de 2010

soluções verdes




Na Art&Décoration de Abril há um dossier sobre a utilização de vegetação (plantas e flores) na decoração e na arquitectura em geral.




Para além do aspecto estético que me agrada muitíssimo, há ainda o lado útil e prático: um muro vegetal pode servir para criar barreiras ao som, ao cheiro, pode criar recantos de intimidade, ajudar a preservar espaços entre vizinhos, etc, etc.
São tantos os aspectos práticos que o meu único espanto é; porque é que as nossas cidades, vilas e até, pasme--se, aldeias não são mais verdes! Esta febre pelo cimento e pelos espaços áridos, povoados de mobiliário ínfimo, inútil e desconfortável confunde-me. E ainda estranho mais que o design se sobreponha às necessidades mais simples das pessoas.
Volto frequentemente a este tema é verdade. Num tempo em que se fala tanto de verde, de sustentabilidade, de ambiente e de recursos naturais é estranho que o homem moderno se faste cada vez mais de elementos primordiais como a terra, a água ou as plantas.
E a propósito estas ideias parecem-me fantásticas, mesmo para um pequeno partamento na cidade: numa pequena varanda, ao pé da janela da cozinha, em qualquer cantinho da casa onde haja luz, pode crescer alguma coisa verde. É sempre possível organizar um mini-mini jardim com os miudos!

quarta-feira, 14 de abril de 2010

cherne grelhado no clube do pescador

Sempre que estou à mesa com mulheres mais velhas, daquelas que ostentam um ar descontraído de quem já criou os filhos, fico com aquela inveja - cuja natureza nem sequer sei classificar (é boa?, é má? é das piores?), de quem não sabe o que isso é; a tranquilidade de saborear uma refeição tranquilamente, de participar na conversa e poder terminá-la sem ter que estar sempre de olho no puto que se revira na cadeira, que chama porque isto ou porque aquilo, credo, quando é que chegará a tal fase?








e quando me perguntam se não quero mais um copo de vinho?! senhores!!!tende piedade

terça-feira, 13 de abril de 2010

imagens


Não param de explodir as declarações incríveis sobre os escândalos de pedofilia na igreja católica. Nos últimos tempos ouvimos e lemos de tudo, desde a tese da urdidura contra a igreja, ao mal menor que é este problema face à obra e ao papel desta instituição na sociedade, passando por aquela teoria incrível que defende que pedofilia e homossexualidade andam juntas e, este sim, é o mal maior da humanidade.
Enquanto isso o verdadeiro problema, este crime execrável que é o abudo de crianças indefesas parece não pesar suficientemente para que a sociedade se debruce sobre ele. Será porque faz parte de uma tradição qualquer que nos habituamos a tolerar? Porque o abuso dos mais fracos se perpetuou ao longo da nossa história e, de alguma maneira, se inscreveu no nosso código genético?
Não sei em que raio de estádio de desenvolvimento se encontra a humanidade, pelos vistos é mais baixo do que seria expectável mas não deixa de ser lamentável esta triste constatação.
"À saída de um desses entrepostos de abundância, onde as famílias abastecem as despensas de tudo o que precisam e o que não precisam uma miúda - que não teria mais do que 17 ou 18 anos, pedia. Tinha um bebé deitado num carrinho que chorava, ao seu lado. Não sei se do frio, se com fome ou se, simplesmente, para comunicar como fazem os bebés assim tão pequeninos.
Não vi logo uma outra ainda pequenita, mas já suficientemente desenvolta para se dirigir às pessoas e pedir uma moeda. Ao nosso lado um casal jovem comentava, com ar zangado, que aquele esquema de usar o bebé era escusado. Onde é que já se viu trazer uma criança para estas coisas? Não vi ninguém estender a mão enquanto arrumamos as nossas coisas. De repente o pacote de batatas fritas que o miúdo trazia na mão, satisfeito da vida, pareceu-me uma enormidade. E durante muito tempo, a imagem daquelas três agarrou-se-me ao pensamento e sugou-me todo o prazer de um dia de férias e de ócio que era só o início."

sexta-feira, 9 de abril de 2010

um perfume




estão na jarra da cozinha. têm a cor da paixão, são tão aveludadas, tão lindas, tão perfeitas que não me canso de olhar para elas. são daqui, de perto e custaram 5€ a dúzia. uma dádiva da primavera!!!

quinta-feira, 8 de abril de 2010

em lume brando

Passei a última semana a dormir as noites em intervalos de 2, depois de 3 e agora de 4h. Controlar temperatura, dar ventilan, dar antibiótico, , em suma vigiar mais uma infecção respiratória, a mais grave desta estação, consumiu toda a minha energia. Felizmente fazemos uma pausa para a semana. Este blogue precisa de remodelações e eu também!

quinta-feira, 1 de abril de 2010

a ditadura da moda


Gosto muito pouco da tendência "anos 80" que se vive agora na moda: abomino o regresso das gangas, não encontro gracinha nenhuma às leggings em mulheres adultas (ficam girinhas nas meninas pequeninas, bébés, com vestidinhos cheios de lacinhos e tal...), detesto saias abalonadas e aquelas mini, muito mini, em xadrês então nem vê-las. E as meias pelo joelho?


O calçado atingiu píncaros de mau gosto com as botas abertas e aquelas coisas de plástico que toda a gente adora (as melissas). A sério há mesmo alguém que goste daquelas botas?!
(as imagens são daqui)






e mão na massa

os trabalhos desta tarde incluíram a minha primeira experiência com folares. a máquina do pão amassou e eu moldei umas tranças que depois cozi no forno! a meio do processo reparei que não tinha erva-doce e lá fui em romaria à loja. pelo caminho encontrei uma vizinha que me contou, desgostosa, que as plantas que tem dentro de casa estão a morrer. não percebe porquê. no meio das várias hipóteses avançou uma que me encantou. bem elas também já são muito velhotas, algumas ainda são do tempo da minha mãe! será que alguma vez vou ter plantas comigo durante tanto tempo?!
conheço algumas histórias de pessoas cujas plantas adoeceram com elas, quando passaram um mau bocado em termos de saúde. a minha vizinha teve um episódio recente desse género. será que tem alguma coisa a ver?
não são tranças perfeitas e esqueci-me da amêndoa laminada. mas cheiram muito bem, em compensação!
a propósito Dores ando em sobressalto com a orquídea. gosto muito dela mas acho que a rapariga não está feliz no sítio que lhe escolhi .

mãos na terra









Plantei cidreira, coentros e poejos. Troquei o substrato a umas quantas plantas que sofreram os rigores do inverno e que começam a presentear-me com rebentos, folhas e até flores novas.
O calendário bem anuncia a primavera mas ela tarda. Num destes dias, a dona da estufa onde compro as minhas plantas dizia-me que foi o pior inverno de que se lembra, que as pessoas não compraram flores e quase se esqueceram do caminho para lá.
Eu sei que passei semanas inteiras sem olhar para as minhas. E elas resistiram portanto merecem uns mimos.
E hoje vi a primeira flor no jasmim.